Sagitariana. Com lua em touro e ascendente em gêmeos.
Eu já aprendi a ser menos rude com as pessoas quando eu me sinto ameaçada, aprendi a perdoar - mesmo não conseguindo esquecer, aprendi a engolir sapos, acreditar no meu potencial e brigar pelos meus direitos e não saio mais correndo para o colo do meu do meu pai por qualquer coisa barata.
Estou virando mulher. (e isso assusta!)
Já sei exigir da faxineira, discutir na reunião escolar, fazer compras de mês e impor aos meus clientes.
Já me sinto um mulherão que paga as contas da filha sozinha e que não vê passar os finais de semana. Hora, atende clientes, hora trabalha em eventos.
Que vai ao Saara de ônibus – porque tomou “pau” na prova prática do DETRAN – e volta com muitas sacolas de objetos de decoração. Que a cada evento social acorda as três, de novo as quatro e antes do dia clarear por completo está elétrica fazendo alguma função. Porque hoje, eu aprendi a ser responsável.
Não sou dona Maria e não sei cozinhar, arrumar, passar e lavar. Mas quando preciso é – como nesses últimos dias – eu mesmo pego a vassoura e o ferro de passar para ajudar a economizar. As cuecas limpas hoje dependem de mim, a louça lavada também e eu faço – exceto hoje que contratamos uma faxineira e tive até tempo de escrever.
Mas o fato é que hoje eu juntei as escovas de dente e tenho mais cachorros, filha, home office e muitos afazeres domésticos e mesmo com vontade de estufar o peito e mandar tudo &%$@%$#%, eu tenho aprendido a ser orgulhosa de mim mesma.
Me olho no espelho e me acho a tal, mulher para cacete para ficar remoendo, criativa ao extremo para ser subordinada e dona de uma integridade sem fim para aceitar desaforos. (mas só às vezes)
E por nunca ter sido tão mulherão e de repente ter que se tornar uma pela força das circunstâncias é que eu sinto falta do cheiro do arroz com feijão da minha mãe na entrada da porta de casa, do meu avô sentado no bar bebendo uma das suas cervejas e me dando sempre uma moedinha para agradar – ele hoje está completamente impossibilitado de cervejinhas, ele teve mais de cinco avc -, da minha vó sentada no portão olhando a gente brincar de pique bandeirinha e dos 1.545.545 presentes que eu ganhava dela, do orgulho que eu sentia da minha tia porque ela era elegante, loira e tinha roupas lindas, da corrida que eu dava ao encontro do colo do meu pai e quando eu ainda cabia atravessada na cintura dele, saudade dos mimos da minha vó paterna que tirava uma grana da aposentadoria para me dar o presente que eu queria e que continuava fazendo piada mesmo sendo debilitada.
Falta de chegar em casa e ter alguém para me receber. Ou com a comida que eu gosto, ou com o abraço que eu gosto. Saudade do tempo em que eu não tinha responsabilidades e que a vida era tão simples quanto fechar os olhos e dormir. Que eu era menininha sapeca, primeira neta, primeira filha e primeira sobrinha. Que o mundo ia contra mim e a minha família ia contra o mundo.
Ok, essa nostalgia toda porque fiquei trocando sms com meu pai ontem e deu uma saudade de quando eu era só filha.
Passou...
Eu segui outros caminhos e aprendi tudo sozinha, da pior forma possível. Mas, mesmo assim olho no espelho e sinto orgulho de mim e tenho certeza que a minha família também vibra, porque a princesinha da casa virou mulher, uma baita mulher que é capaz de carregar o mundo nas costas se for preciso. Sou a irmã mais velha, que quebrou barreiras e a cara e que eu sirva de exemplo, nos piores e melhores momentos da minha vida.
Mas, de preferência hoje.
Um comentário:
É... como diria Adélia Prado ''mulher é desdobrável, eu sou!''
Adorei o blog... muito bom!
Até!
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