Comecei a trabalhar aos 17 anos.
Já tinha uma filha quando entrei no mercadinho da esquina pedindo um emprego de qualquer coisa. Eu precisava não depender de alguém para comprar o leite da criança. Diante da minha humildade, por ser mercado de bairro e talvez até por acharem engraçado eu responder que poderia limpar chão, quando questionada sobre o que eu queria fazer lá... Fui contratada! Para minha surpresa e com meu rostinho bonito, resolveram não me contratar para limpar chão, e aí fui ser auxiliar de escritório. Foi a primeira vez que tive acesso à internet.
Depois fui trabalhar numa locadora de vídeos, fábrica de prancha, imobiliária, escola... E até me aventurei abrindo outra escola com mais sete sócias – que não deu certo, claro. Trabalhei como recepcionista de um escritório chique e deste sai de fininho, sem voltar para pegar nenhum tostão, depois que um dos chefes surrou a mesa porque entreguei café com açúcar quando deveria ser só café. Aproveitei o rostinho bonito novamente e fui trabalhar no shopping, depois voltei para a mesma imobiliária que tinha saído a alguns anos atrás... Diante das minhas contratações frustradas eu nunca pude escolher o que ser quando crescer. Me descobrir como? Vendo se eu tinha habilidade para ser caixa na padaria?
Meu marido empreendedor tinha duas empresas e não conseguia mais dar conta dos eventos.
Sabe o que significa cair de paraqueda? Se você não sabe, tem sorte.
Pois é, eu não sabia nada de eventos, não tinha a menor noção de como montar uma festa e nem como trabalhar com números. Continuamos "sócios" até hoje, querendo “pedir demissão” toda semana, mas continuo aqui abraçando a causa. Nunca trabalhe com o seu marido! Mas se trabalhar ame incondicionalmente o que você faz.
Foi no meu primeiro ano trabalhando no
Sítio Veredas que assustadoramente tivemos o maior movimento. Todos os dias de novembro e dezembro fechados.
Com um dinheirinho extra e inesperado resolvemos mobiliar a nossa casa.
Foi aí que surgiu a paixão por decoração!
Assinei de cara: Casa Cláudia e Casa e Jardim. Depois fiz curso de decoração no SENAC, onde minha professora -
Elizabeth Esquenazi - era incrivelmente fantástica e fez eu me apaixonar ainda mais. Visitei apartamentos decorados, aprendi a desenhar planta, a usar metro, a planejar...
Vi que decorar era simples precisava só de bom gosto e que eu podia começar a brincar aqui mesmo, no meu trabalho.
A empresa do meu marido desenvolveu um portal de casamentos e eu acessava o site de todos os fornecedores cadastrados.
Tinha tanta coisa cafona no mercado, que eu resolvi assinar de cara: Festa Viva e Decorando Casamentos.
Foi aí que surgiu a minha paixão por casamentos!
Virei leitora assídua de todos os sites e blogs que são sobre casamentos. E praticamente uso uma hora do dia para pesquisar novidades, tendências e admirar os profissionais que eu me identifico.
O processo foi bastante demorado... Desisti muitas vezes e perdi a paciência mais vezes ainda. Até fechar o primeiro casamento. =)
Hoje estamos começando a fazer eventos sociais de verdade. Perdi o medo, empino o nariz, entrego o meu cartão e “chego chegando”.
Em duas semanas fechamos três casamentos. Não sei se é um bom número, mas pra mim é a prova fiel de que estou no caminho certo.
Já quis ser veterinária, professora e psicóloga. Aos 27 descobri que eu quero ser é decoradora.
Eu quero é fazer a parte boa da festa. Colorir, florir, planejar, desenhar, idealizar.
Eu não sou conceituada, não sou conhecida e nem formada. Mas eu sou curiosa, tenho um pouco de habilidade, bom gosto e gosto muito do tema.
Um dia conversando com uma amiga - quase jornalista - ouvi a frase que marcou presença: “Quando eu escrevo é como se eu fosse um menino adolescente obrigado a jogar vídeo-game 24 horas por dia.”.
A frase fez - e faz - total sentido na minha vida... Foi quando decidi me dedicar ao que amo. Decidi que quero passar o resto da vida sendo um adolescente obrigado a “jogar vídeo-game” 24 horas por dia.
Estou inscrita num curso de eventos e a faculdade pode não ser muito mais do que teoria... Mas eu quero essa parte também.
Quero tudo! Porque eu não consigo esconder a alegria de ter me encontrado e orgulho que sinto quando alguém elogia algum trabalho meu.